segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Artéria ou matéria?

É esse coração
Que parou de bater
E começou a pensar.

No lugar do pulsar deste fluido vital,
Vieram processos e problemas processados.

Mesmo sendo um ser pensante, agora
Quase que independente,
Nunca mais percebeu o vento
Soprando a direção das suas escolhas.

"Percepção" deixou de ser um sentido,
Acabara tornando-se uma função,
Função do coração.

Ele quebrou correntes,
Quebrou padrões,
Arrebentou com suas veias
Para acomodar seus novos
"Processadores Organicos".

Sua arte acabou,
Pois era com sangue
Que alimentava-se desejo e criatividade.
Seu sangue acabou,
Fora embora em busca de utilidade.

Passaram-se dias,
anos,
decadas,
até que o coração encontrasse sangue novamente.
Mas não era seu sangue,
Era sangue derramado,
Derramado pela sua capacidade de pensar.
- Espere, como um ser pensante ousaria derramar sangue alheio?
- Olhe o mundo, velho.

Ele pensava por sua própria existencia,
E não por um meio, por um todo.

O sangue não podia faze-lo
Lembrar de como é sentir,
Pois para derrama-lo,
Era necessario sacrificio
Que irônicamente, não era
Sacrificio desse coração.

Ele só pensa pensamentos inuteis,
como todos os outros pensamentos.
-Pensamentos inuteis?
-Me diga, velho. Você ama a favor da razão?
O coração foi feito pra que mesmo?
O amor nasce de onde mesmo?
Por que o pulso ainda pulsa?
Só sei que se não pulsasse,
Eu não estaria aqui a relatar tal caso.

Sua função, agora,
Pode até ser pensar.
Mas enquanto pensante
Ele nunca voltara a sentir,
Sentir sangue,
Sentir pulso,
Sentir sentimento.

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